Relógios públicos De Nichile, São Paulo, Brasil
- Fotografia e Nostalgia

- 3 de ago.
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Relógios públicos De Nichile, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
Em outubro de 1930 Octávio de Nichile anunciou à imprensa paulistana sua proposta: a criação de relógios públicos, sem custo ao erário municipal, instalados em diversas localidades da cidade (praças, largos, estações ferroviárias e locais de grande movimento de pessoas). Os recursos para tornar esses relógios viáveis viria da arrecadação dos anúncios publicitários a serem veiculados no próprio instrumento.
O projeto construtivo dos relógios desenvolvido pelo próprio empresário era simples e eficiente: uma base trapezoidal em cimento armado, revestida com azulejos, que por sua vez sustentava uma grande coluna de ferro fundido trabalhada, que em seu topo ostentaria um relógio de face dupla, iluminados com luz elétrica para que pudessem ser vistos à noite. Os relógios seriam mantidos pelos anúncios instalados nas diversas partes do monumento e seriam administrados pela empresa Eco Ltda, de propriedade do próprio Octávio de Nichile e de seu sócio Raphael Perrone.
A iniciativa agradou de início: a Prefeitura não teria custos com a construção do relógio ou com sua manutenção, e a população teria um instrumento para se manter informada das horas. E dessa forma, rapidamente, iniciou-se a construção de uma série deles, sendo dois inaugurados já em 1930 (Largo do Arouche e Estação Roosevelt).
A rápida aceitação pela opinião pública estimulou o empresário a planejar a instalação de outros relógios espalhados por São Paulo e, inclusive, em outras cidades. E, dessa forma, foram inaugurados outros cinco entre 1933 e 1936 (Praça Ramos de Azevedo 23/12/1933, Praça da Sé 24/01/1935, Praça Antônio Prado 05/04/1935, Praia do Gonzaga em Santos 09/07/1936 e Praia de Pitangueiras no Guarujá em data não obtida).
Contudo, por motivos diversos, a maioria dos relógios não tiveram uma longa existência. O primeiro a ser demolido, em 1933, foi justamente o primeiro a ser inaugurado, no Largo do Arouche. A razão foi uma transformação urbanística que deu ao largo paulistano a forma que mantém até os dias atuais.
Posteriormente foram demolidos o da Estação Roosevelt (também em 1933) e o de Santos (em 1940). Os demais relógios retirados (Praça da Sé, Praça Ramos de Azevedo e Praia de Pitangueiras) não possuem registros da data de suas respectivas demolições.
Mas, felizmente, um sobreviveu para contar a história: trata-se do relógio que foi instalado na Praça Antônio Prado, região central de São Paulo, talvez por ser o mais bem localizado de todos, junto a diversos pontos históricos e turísticos da capital paulista, como os edifícios Altino Arantes e Martinelli.
Inaugurado em abril de 1935 na gestão do prefeito Fábio Prado, o relógio completou 90 anos em 2025. Nos últimos anos houve uma grande deterioração e furto de algumas partes do relógio, como a placa de inauguração que ficava na base da coluna. Além disso, é necessário lembrar que apesar de estar em área pública, o relógio é particular (pertence aos descendentes de seu idealizador).
Com o advento da Lei Cidade Limpa, possíveis anunciantes do relógio foram afugentados, com receio de que colocar suas publicidades poderia acarretar multas. Entretanto, na época da aplicação da lei, a própria prefeitura deixou claro que a regra não se aplicava aos espaços publicitários do relógio. Atualmente o relógio encontra-se em estado razoável de conservação, com seus mecanismos desligados. Trecho de texto de Douglas Nascimento adaptado para o blog.
Nota do blog 1: As imagens mostradas no post são do único relógio sobrevivente (instalado na Praça Antônio Prado).
Nota do blog 2: Data e autoria das imagens não obtidas.



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