Escultura "Primavera" - Raphael Galvez
- Fotografia e Nostalgia

- 26 de out.
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Escultura "Primavera" - Raphael Galvez
Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil
Gesso - 1939
Texto interessante sobre Raphael Galvez (publicado em razão da exposição "Pinacoteca desvenda Raphael Galvez", ocorrida em 1999):
No octógono da Pinacoteca, duas esculturas em gesso são o prelúdio da exposição de Raphael Galvez. São as primeiras das mais de 300 peças selecionadas para esta retrospectiva do artista paulistano morto em 1999 e, até agora, desconhecido para muitos.
O desconhecimento deve-se em parte ao apego que Galvez tinha às suas pinturas e esculturas. Ele se recusava a vender e evitava inclusive mostrá-las a muitas pessoas. Essa característica fez com que toda uma série de sua obra recebesse o nome de "fase segredo".
A curadora da mostra, Vera d'Horta, conta que Galvez teria dito a um colecionador interessado em comprar seus quadros: "O senhor vende seus filhos?". "Ele tinha uma relação visceral com as obras", explica ela.
O colecionador Orandi Momesso conta que demorou para conquistar a confiança do pintor. "Levou seis anos para que ele pudesse me vender o primeiro quadro. Após esse tempo indo ao seu ateliê semanalmente ele viu que era por amor à arte que eu queria adquirir suas obras".
Aluno da Escola de Aprendizes Artífices e do Liceu de Artes e Ofícios na década de 20, Galvez logo emancipou-se do ofício de artesão para tornar-se um artista. Vera d'Horta selecionou para a exposição dois retratos que outros artistas fizeram dele para simbolizar essa transição.
Nas duas telas, vê-se o artista de pé diante do cavalete: "A postura ereta, o enfrentamento da tela, contrasta com a do sujeito curvado sobre uma bancada, copiando um modelo".
Na mesma sala, há mais de uma dezena de auto-retratos do pintor. Em vários ele aparece de olhos fechados, o que uma citação da Bíblia retirada do verso de uma de suas telas esclarece: "Agora que estou cego é que posso ver". Para ele, não bastavam os olhos, era preciso ver com a alma.
Na série de paisagens exposta em duas salas da Pinacoteca, pode-se acompanhar o trajeto das pinturas em que ele retratava a periferia de São Paulo as margens do rio Tietê, as paisagens com predomínio de árvores, que nos anos 60 tornaram-se expressionistas. "Ele dizia que não precisava mais olhar a natureza, porque a tinha dentro de si", diz Vera.
Como não vendia suas obras, Galvez sobrevivia dos túmulos que esculpia para os cemitérios da Consolação e do Araçá. Junto das esculturas, à entrada da Pinacoteca, haverá quatro grandes banners com reproduções de obras feitas para cemitérios. Texto de Juliana Monachesi adaptado para o blog.
Nota do blog: Data 2025 / Crédito para Jaf.



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