Aero Willys 1960, Willys Overland, Brasil
- Fotografia e Nostalgia

- 5 de out.
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Aero Willys 1960, Willys Overland, Brasil
Fotografia
A norte-americana Kaiser-Frazer Corporation foi fundada em 1945 e sua influência em nosso mercado teve início em 1953 com a aquisição da Willys-Overland: a filial brasileira estava prestes a produzir o Jeep e mais tarde iniciaria a produção do Renault Dauphine e do Aero-Willys.
Idealizado pelo engenheiro Clyde Patton e pelo projetista Philip Wright, o Aero foi um dos projetos mais ambiciosos da Willys-Overland e foi lançado em 1952 com carrocerias monobloco (como nos aviões, daí o nome Aero) de duas e quatro portas. Disputaria mercado com Nash Rambler, Kaiser Henry J e Hudson Jet, modelos bem menores que os oferecidos pela General Motors, Ford e Chrysler.
O fato é que o mercado americano não estava preparado para modelos tão compactos: Hudson Jet e Kaiser Henry J saíram de linha em 1954, seguidos por Nash Rambler e Willys Aero no ano seguinte. A estratégia foi encerrar a produção de automóveis nos EUA e transferir o ferramental para a América do Sul.
Foi em 1958 que o Kaiser Manhattan se tornou o Kaiser Carabela, primeiro automóvel de passeio produzido pela Industrias Kaiser Argentina. E foi em 25 de março de 1960 que o Aero-Willys se tornou brasileiro pelas mãos da Willys-Overland.
Seus principais concorrentes foram o belíssimo Simca Chambord (derivado do Ford Vedette francês) e o sofisticado FNM JK 2000 (variação do Alfa Romeo 2000 italiano). Mesmo sem a beleza do Simca e o avanço tecnológico do FNM, o Aero se destacou pela confiabilidade mecânica e pelo apoio da rede com quase 300 concessionários espalhados pelo Brasil.
Muito simples, o motor de seis cilindros e 2,6 litros rendia parcos 90 cv, mas entregava bom torque em baixa rotação. O câmbio manual de três marchas era acionado por uma alavanca na coluna de direção, que não era assistida. Ia de 0 a 100 km/h em 17,8 s e chegava aos 128,1 km/h. A suspensão dianteira independente era um dos poucos refinamentos técnicos.
Viajar de Aero Willys era a certeza de chegar ao destino: em 1960, a malha rodoviária era concentrada nas regiões Sul e Sudeste, quase inexistente na Região Norte e com poucas extensões até a capital, Brasília, e o estado da Bahia. Simca Chambord e FNM JK muitas vezes sucumbiam nas estradas por onde o Aero passava incólume.
A boa altura livre do solo colaborava na transposição de vias sem pavimentação. A carroceria de quatro portas desfrutava da ótima visibilidade proporcionada pela grande área envidraçada e poderia ter pintura em dois tons. Foi muito usado como carro familiar, sedã executivo e táxi. Comum na época, o banco dianteiro inteiriço permitia o transporte de seis ocupantes e o porta-malas comportava cerca de 679 litros.
O acabamento interno era superior ao da maioria dos fabricantes nacionais. A vedação da carroceria foi um dos poucos pontos fracos, permitindo a infiltração de água e pó.
Mesmo sem oferecer câmbio automático e direção assistida (como o Aero norte-americano), ele logo ganhou o apelido “Jeep de fraque”. Líder de mercado, sofreu alterações importantes no modelo 1962: as rodas recebiam janelas de ventilação e as calotas deixavam de ser integrais.
Não havia mais pintura em dois tons, os frisos laterais da carroceria agora traçavam uma linha reta e o ornamento sobre o capô foi eliminado. O interior também foi remodelado, com novos bancos e forrações de porta.
Foi quase uma despedida do modelo, prestes a ser substituído por um novo completamente redesenhado pelo departamento de estilo da Willys-Overland do Brasil. Foram comercializadas pouco mais de 23.000 unidades dessa primeira fase do Aero-Willys: destas, poucas remanescem e um número ainda menor resiste em condições de uso.
Ficha técnica Aero Willys 1960:
Motor: Longitudinal, 6 cilindros em linha, 2.638 cm3, alimentado por carburador de corpo simples;
Potência: 90 cv a 4.000 rpm;
Torque: 18,77 kgfm a 2.000 rpm;
Câmbio: Manual de 3 marchas, tração traseira;
Carroceria: Fechada, 4 portas, 6 lugares;
Dimensões: Compr. 463,8 cm, larg. 182,8 cm, altura 159,3 cm, entre-eixos, 274,3 cm;
Peso: 1438 kgs;
Pneus: 6,50 x 15 diagonais;
Aceleração: 0 a 100 km/h em 17,8s;
Velocidade máxima: 128,1 km/h;
Consumo médio 7,7 km/l. Texto de Felipe Bitu / Quatro Rodas.
Nota do blog: Data 2025 / Crédito para Fernando Pires.



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